A REAÇÃO DO SETOR AUDIOVISUAL DA OCEANIA À PANDEMIA DA COVID-19

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Rio de Janeiro, 15 de maio de 2020. As notícias envolvendo as proeminentes indústrias audiovisuais da Oceania sinalizam a retomada das produções, em virtude do sucesso das medidas de contenção do contágio da COVID-19 nos meses de março e abril. Já o circuito de salas de cinema ainda levanta muitas questões, seguindo a lógica global do negócio, um dos segmentos econômicos mais afetados pela pandemia.

 

AUSTRALIA: Em 15 de abril, o governo australiano anunciou um pacote de auxílio à indústria audiovisual de aproximadamente US$ 57,7 milhões, extensivo aos canais da TV aberta. Os programas de incentivos foram mantidos, segundo a comunicação da Screen Australia do dia 13 de maio.

Hollywood planeja retomar alguns de seus projetos australianos utilizando da tecnologia de scaneamento em 3D, em conjunto com a Myriad Studios, baseada em Queensland. Utilizar-se de técnicas como esta é uma saída para evitar o deslocamento de equipes e gastos com acomodação.

A primeira produção reativada foi a novela “Neighbours”, ainda em abril. Para possibilitar um ambiente mais seguro, estas foram as decisões dos produtores:

– Com o espaço do estúdio dividido em quadrantes, as três equipes de produção indispensáveis ficam isoladas uma da outra e apenas três atores autorizados circular entre os grupos. A capacidade do set é limitada a 100 pessoas por dia em qualquer área, sob a regra de 4m² por pessoa, com um distanciamento social de um metro e meio de qualquer outro profissional. Por causa dessa configuração, se alguém ficar doente, apenas o grupo a onde pertence o membro infectado será suspenso e a filmagem poderá continuar com os outros dois grupos;

– Um profissional de enfermagem verifica a temperatura de todas as pessoas que participem do set;

– Não há trabalho de maquiagem para atores, enquanto a maquiagem de atrizes não passa por retoque;

– Não há contato físico entre o elenco, incluindo beijos, mãos dadas ou cenas íntimas;

– Os atores também praticam o distanciamento social, com truques de câmera usados ​​para fazê-los parecer mais próximos;

– Não há uso de figurantes. Caso necessário elenco extra, os próprios membros da equipe já em set atuam no fundo do quadro.

 

NOVA ZELÂNDIA:  Em 14 de maio, o país entrou na Fase 2 do enfrentamento à ameaça do COVID-19, etapa que consiste na reabertura de algumas atividades do comércio, como shopping centers, lojas, restaurantes, cinemas e as academias de ginástica. No dia 18 de maio, as escolas voltarão a receber os alunos e no dia 21, os bares e clubes noturnos poderão voltar a funcionar. Estes espaços poderão ser reabertos desde que adotem medidas para manter a higiene e o distanciamento mínimo entre as pessoas.

A decisão do governo pela retomada gradual das atividades busca monitorar a evolução dos casos, que não evoluiu para mais de 21 mortes e 1.498 casos até 14 de maio.

Segundo o Conselho da Indústria Cinematográfica do país, as cadeias de cinema permanecem incertas sobre como podem operar de maneira responsável sob as restrições da Fase 2. Enquanto a expectativa é voltar a exibir filmes com 50% de lotação das salas, ainda existe a preocupação de quais títulos serão programados, uma vez que as produções foram paralisadas e festivais – vitrine que avalia o apelo comercial de filmes – cancelados. Outra questão inquietante é a iminente leva de demissões de funcionários das cadeias de cinema.

O país mantém mais de 100 salas independentes e cerca de 40 multiplexes. Alguns administradores defendem a adoção de novas formas de oferta de filmes, como a transmissão streaming de títulos que ocupariam as salas de cinema. A ideia é usar os bancos de dados de clientes, programas de fidelidade e ações em marketing para direcionar os para seus sites, como um complemento à experiência do cinema físico.

A rede de salas de exibição Light House divulgou suas medidas de contenção de contágio:

– Os assentos ocupados terão no mínimo 1 metro de distância de outros usuários do cinema. Ao comprar o ingresso, o espectador notará que 50% dos assentos estarão bloqueados. A capacidade máxima do maior cinema da rede agora é de 56 lugares;

– Delimitação dos lugares das filas, com sinalização horizontal;

– Aumento da frequência de limpeza e desinfecção de todas as áreas de circulação e superfícies comumente tocadas ao longo do dia, como mesas, maçanetas, balcões, grades, bancos, torneiras, banheiros e terminais de autoatendimento;

– Instalação de dispensers de desinfetantes para as mãos à base de álcool nos halls e entradas das salas;

– Prioridade na venda de ingressos online, evitando o contato com dinheiro e o atendimento em balcões;

– Aumento do intervalo entre as sessões, para otimizar a limpeza das salas.

 

Com relação à retomada de filmagens, a associação SPADA – Screen Producers New Zealand, que reúne os trabalhadores da indústria audiovisual publicou algumas recomendações direcionadas às produções no sentido de mitigar o possível contágio on set:

  • Comunicar ao Ministério da Saúde sobre as condições de saúde da equipe, pois as informações são atualizadas regularmente. O Ministério da Saúde fornece as informações mais atualizadas sobre os casos na Nova Zelândia, além de informações sobre sintomas, prevenção e o que fazer se houver suspeita de alguém infectado;
  • Certificar-se das condições de higiene dos espaços de produção, incluindo sabão e água corrente, desinfetante para as mãos, toalhetes anti-sépticos e / ou álcool;
  • Garantir que todos os espaços comuns sejam asseados;
  • Publicar e promover diretrizes de higiene à ordem do dia com conselhos para se manter saudável (“lave as mãos com freqüência e cubra a tosse ou espirre”; “Se estiver doente, fique em casa e longe dos outros”);
  • Reiterar a cada intervalo a necessidade de os membros da equipe lavarem as mãos;
  • Exigir que todos os funcionários / contratados comuniquem sobre viagens recentes ou planejadas ao exterior para que forneçam uma comprovação de saúde antes de voltar ao trabalho, se necessário.
  • Exigir que todos os funcionários / contratados relatem à produção se desenvolverem sintomas como febre, tosse, dor de garganta ou falta de ar e procurem orientação médica.

 

O protocolo oficial de medidas de minimização de riscos de contágio foi divulgado pela ScreenSafe (aliança entre sindicatos e entidades da indústria audiovisual) em 05 de maio, num documento extenso que pode ser acessado neste link.

De acordo com a New Zealand Film Commission, todas as produções que serão desenvolvidas no país precisam concluir um registro no portal ScreenSafe, a fim de ajudar o Ministério da Saúde e outros órgãos no rastreamento de contatos. Assim, serão continuados “Avatar 2” e a série “O Senhor dos Anéis”.

 

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Fontes consultadas:

https://coronavirus.jhu.edu/map.html, acesso em 15 de maio;

– https://deadline.com/2020/05/new-zealand-returns-to-production-paving-way-for-avatar-sequels-to-resume-live-action-filming-1202929138/;

– https://www.indiewire.com/2020/05/avatar-lord-of-the-rings-filming-new-zealand-coronavirus-1202230328/;

https://www.kftv.com/news/2020/4/30/exclusive-australia-could-be-opening-up-to-productions-in-weeks;

– https://www.lighthousecinema.co.nz/extras/covid-19-updates/;

– https://mailchi.mp/0d1a1daf7008/covid-19-update;

https://www.nzherald.co.nz/business/news/article.cfm?c_id=3&objectid=12331910;

 https://www.stuff.co.nz/business/121218468/coronavirus-nz-company-screenplus-says-it-has-a-solution-to-cinemas-covid19-woes-but-some-arent-convinced;

– https://www.stuff.co.nz/business/121442325/cinemas-still-in-the-dark-about-what-level-2-means-for-business;

– https://variety.com/2020/tv/asia/coronavirus-australia-singapore-industry-film-tv-support-policies-1234580894/

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